A escolha mais importante que você pode fazer
A simplicidade e complexidade da escolha que molda quem você é e seu destino
Olá, tudo bem por aí?
Aqui é a Marcelle Xavier, iniciadora do Instituto Amuta, uma plataforma para transformar as relações através do Design. Tudo que fazemos no Amuta é fruto de muito estudo, e criei esse espaço para compartilhar as pesquisas e o processo por trás dos conteúdos e práticas criadas no instituto.
Em que cidade você mora, com quem você namora ou se casa, qual trabalho você escolhe, que roupas você veste, quanto você irá pesar, quanto você vai ganhar, quais características você irá cultivar… Todos esses fatores tão importantes nas nossas vidas podem parecer para algumas pessoas escolha ou para outras mero destino.
Mas segundo estudos sociológicos e sociais*, é a força das nossas redes o maior fator de influência nos acontecimentos das nossas vidas.
A força dos nodos
Pessoas (ou nodos) estão o tempo inteiro trocando uma série de coisas com outras pessoas - conhecimento, capital, ideias, conexões, empregos, status, aspirações, linguagem, solicitações, padrões, expectativas, crenças, medos, desejos, afirmação, crítica, pertencimento, espaço físico, dinheiro. Essas trocas vão constituindo quem nós somos e influenciando os acontecimentos das nossas vidas.
O quase destino
Funciona mais ou menos assim: quanto mais tempo persistimos em uma rede de relacionamentos, mais aquela rede vai moldando nosso destino, e cada rede se somando e integrando com as demais, criando uma espécie de “dashboard” que representa o painel da nossa vida e cria um quase destino.
É como se cada decisão que nos é apresentada, só aparecesse nesse painel da nossa vida porque de alguma forma a nossa rede de relacionamentos colocou ela lá. Isso significa que as escolhas mais relevantes que podemos fazer é com quem nos relacionamos e como configuramos as nossas redes.
As 5 condições para que relações exerçam maior influência sobre nós
Mas não é só o tempo que irá dizer o quanto um relacionamento irá nos influenciar. Segundo James Curier, existem 5 condições principais que contribuem para a profundidade e velocidade com que os relacionamentos se formam e consequentemente que nos influenciam:
Relacionamentos nos quais temos um contexto para interação frequente e repetida (por exemplo, pessoas que moram conosco, nossas famílias, nossas colegas de escola ou de trabalho).
Maior grau de sobreposição entre os relacionamentos - por exemplo, amigas ou parcerias românticas que frequentam seu ambiente familiar tendem a ter maior força de influência na sua vida.
Relacionamentos formados em um período de transição em que as pessoas estão abertas a mudar ou evoluir a sua identidade - como por exemplo no ensino médio, primeiro emprego, faculdade.
Proximidade geográfica: pessoas que moram perto priorizam suas relações, e se encontram com mais frequência
Pessoas com quem passamos por momentos difíceis tendem a criar elos mais profundos conosco.
As grandes escolhas
Partindo desses critérios, Curier aponta 7 encruzilhadas nas nossas vidas, eventos cruciais determinantes na formação das nossas redes e consequentemente das nossas vidas: sua família, seu colégio no ensino médio, sua faculdade, seu primeiro emprego, seu casamento, onde você mora e o que ele chama de reavaliações - que são aqueles momentos nos quais reavaliamos as nossas redes.
Mas pra mim, o fator mais relevante é exatamente o último, pois a qualquer instante podemos fazer escolhas mais conscientes sobre as pessoas com quem iremos nos relacionar e sobre a qualidade das nossas relações. Como o próprio autor sugere, ao compreender a influência das nossas redes ganhamos um superpoder, para influenciarmos nosso destino.
Eu li o artigo de James Curier há alguns anos, e para além de toda a defesa matemática que ele utiliza para defender a relevância das relações nas nossas vidas, o que mais me chamou atenção é justamente a simplicidade de que a escolha mais importante e mais poderosa que podemos fazer são as nossas relações. E pra mim é menos sobre escolher as pessoas com quem vamos nos relacionar, embora esse não seja um fator desprezível, mas sobre cuidar da natureza dos vínculos e da qualidade dessas relações.
A provocação que o autor nos faz, revela o quão limitada é a nossa visão individualista de autodesenvolvimento. Seja qual for o “objetivo” na sua vida agora - ser mais cuidadosa com a sua saúde, mais disciplinada, fazer mais projetos criativos, ganhar mais dinheiro, obter reconhecimento, começar um relacionamento amoroso, etc - o fator mais relevante não é a sua força de vontade, mas a força da sua rede e a influência das suas relações.
“Portanto, o uso mais inteligente da energia para aquelas de nós que procuram fazer uma mudança pode muitas vezes ser reavaliar cuidadosamente as redes das quais fazemos parte.” James Curier
Já parou para olhar para a qualidade da sua rede e das suas relações?
Beijos, e em breve volto com mais atravessamentos!
Marcelle Xavier
Fontes: *Social Networks and Public Health – The Hidden Influence of Social Networks, Academic Achievement and Its Impact on Friend Dynamics - Jennifer Flashman, Your life is driven by network effects